quinta-feira, 4 de novembro de 2010

é isso e pronto!

Passei a ter pena de quem escreve sentimentos. Porque eu sei que dói, eu sei que sangra, eu sei que rasga a alma e no final não é nada perto do que a gente sente. É triste, é solitário, é monótono. Não dá pra exteriorizar.Por outro lado, eu admiro quem tenta, admiro quem escreve com tudo o que pode, porque sempre tem alguém que vai ler e vai se identificar. E vai se sentir aliviado em saber que o outro conseguiu escrever exatamente o que dizia seu coração. Isso não tem preço. E hoje, sem nenhum motivo ou data especial, eu quis agradecer a vocês, poetas da vida, pela satisfação que me proporcionam quando chegam pertinho do que eu sinto. É muito bom saber que não estou sozinha, que sempre vou encontrar lindas palavras escritas por pessoas que fazem questão de esconder em algum cantinho para eu achar.
Mas hoje eu me sinto meio tonta, meio doida. Grávida de mim mesma, só para ter que parir esse narcisismo torto. Hoje eu precisei de um poeta pra me salvar, pra fazer meu parto. Pra gritar minhas dores, meus prantos, meus amores. Pra arrancar de mim meu fogo, meu ar, meus demônios. Hoje eu precisei de um poeta para andar na beira do meu abismo, um poeta que tivesse coragem de enfrentar todas as minhas tempestades e ousasse mexer no mais sagrado de mim. Eu quis ser a poesia pura. Desejei que alguém fosse eu para descobrir o que fazer comigo, porque eu já não sei mais. Foi-se o tempo em que eu me dividia em três para conseguir me sustentar. Agora eu fiquei amiga de mim mesma, eu me apaixonei por mim de forma tão intensa que fiquei enjoada, fiquei cansada das minhas vaidades, do meu orgulho em estar sempre certa. Eu quero me errar, eu quero cair dançando, leve, quase voando. Eu quero sair de mim, eu quero mudar de corpo, me entregar, pertencer a alguém. Eu quero ver tudo de cima, do alto poético que nem Deus enxerga e ninguém verbaliza. E continuar amando alto para descansar a loucura e nada mais.

Suellen Nara

"Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós."
- Manoel de Barros

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